A mudança de comportamento induzida pela pandemia e as dificuldades financeiras são alguns dos motivos que incentivam as pessoas a reformar as próprias casas sem ajuda profissional
Fazer obras e reformas por conta própria é a escolha de 29% dos brasileiros. Esta informação foi revelada por estudo realizado pela Obramax, que levantou o panorama atual do varejo de construção.
Este hábito é conhecido como Do It Yourself (DIY) – do inglês, faça você mesmo. O conceito existe há tempos, se popularizando ainda mais no início da pandemia de Covid-19. Afinal, as pessoas passaram mais tempo em casa e decidiram fazer alterações para deixar a moradia mais confortável e funcional.
29% dos clientes do varejo compram materiais por conta própria
Apesar de se aplicar em diversas áreas como artesanato e culinária, o DIY se consolidou no universo das reformas – continuando a ser praticado até após a reabertura. Segundo a pesquisa, este hábito permanece e muitos ainda optam por realizarem reparos de maneira independente.
Por que as pessoas aplicam o DIY nas reformas?
Após os piores dias da pandemia se findarem e a reabertura dos negócios, havia quem imaginasse o DIY nas reformas sendo deixado de lado – afinal, questões financeiras e de segurança seriam empecilhos menores para a realização de reformas com profissionais.
No entanto, a realidade é diferente. O levantamento da Obramax constatou dois motivos centrais para que o conceito continue sendo aplicado por um terço dos brasileiros:
Autonomia e praticidade
Para entender este ponto, é necessário analisar outro ponto do levantamento: pequenas reformas são as mais comuns, representando 36% das obras realizadas no país.
Por se tratarem de reparos mais simples como cobrir buracos na parede ou pintar um cômodo, são coisas que facilitam a realização por conta própria. Desta forma, muita gente prefere procurar tutoriais e colocar a mão na massa.
Um exemplo é a marketeira Camila Mendonça, de São Paulo, que adotou o regime home office durante a pandemia. Para melhorar o aspecto do ambiente que também se tornou o seu local de trabalho, resolveu fazer tudo sozinha. “Eu estava ensaiando para colocar algumas prateleiras na parede há algum tempo, mas nunca fazia. Quando a covid chegou e eu só ficava em casa, não tinha mais desculpa.”
Seu plano original era chamar um amigo para ajudá-la, mas não podia se reunir com ele devido ao isolamento social. “Procurei na internet o que tinha que fazer. O material já estava todo comigo, só precisava colocar em prática. Li alguns blogs, mas foram os vídeos que me ajudaram mesmo. Foi mais fácil do que imaginei e deu tudo certo.”
Camila pegou gosto pelo DIY e, sempre que pode, realiza pequenas reformas por conta própria. “Outro dia, reformei uma parede. Tratei a umidade e pintei. Demorou alguns dias, mas valeu a pena. Faço tudo do meu jeito e no meu tempo. Se é fácil e tenho confiança que consigo, então nem me preocupo em chamar alguém. Sem contar que dá pra economizar bastante.”
Economia
O pior da pandemia se foi, mas os resquícios da insegurança econômica ficaram. Com altas taxas de desemprego e inflação, o poder de compra do brasileiro é frágil. Por isso, muitos optam pelo DIY para poupar dinheiro, visto que os custos de um profissional podem ultrapassar o orçamento.
Segundo a Obramax, reformas costumam custar entre R$ 1 mil e R$ 5 mil. Por isso, o DIY é visto como uma maneira de economizar dinheiro na contratação de profissionais e priorizar os gastos nos materiais necessários – geralmente tintas e materiais elétricos são os produtos mais procurados no varejo de construção.
Como usar o DIY na reforma?
Para obter sucesso em reformas feitas no estilo DIY, é preciso prestar atenção em alguns aspectos.
Primeiramente, é importante mensurar a dificuldade da tarefa. A dica é avaliar a situação e pesquisar possíveis soluções. Se for algo que ultrapassa as habilidades pessoais, o mais indicado é chamar alguém que entenda do assunto para não provocar danos.
Outro ponto importante é que inquilinos de imóveis devem prestar ainda mais atenção em qualquer tipo de intervenção feita no espaço alugado, principalmente no que for feito de forma independente. É preciso conversar com o proprietário e seguir as regras estipuladas para evitar multas, despejo e até consequências legais.
Quem mora em apartamento deve seguir as normas dos edifícios. Dependendo da natureza da reforma, é preciso apresentar um laudo técnico e plano de reforma ao síndico do condomínio, como é determinado pela NBR 16.280/2015. Na dúvida sobre o que pode ou não ser feito, a recomendação é buscar informações com os responsáveis pela administração do prédio.
Planejamento
Antes de mais nada, é importante planejar a reforma. Considere:
- Orçamento: quanto dinheiro você vai gastar
- Materiais necessários: tanto os indispensáveis para a reforma quanto os de suporte
- Quanto tempo o reparo vai levar para ser finalizado: estipule um prazo para terminar, mas considerando que imprevistos podem acontecer
- Sua agenda pessoal: reserve um período livre de compromissos para que você possa se focar completamente na tarefa proposta, sem correria e distrações
Orçamento
Na hora de criar o orçamento, faça pesquisas em lojas especializadas, sejam elas on-line ou físicas.
Busque os melhores preços que se encaixem no seu bolso, mas não abra mão de marcas ou fornecedores que sejam reconhecidos pela boa qualidade.
Pense sempre no custo-benefício – o barato pode sair caro.
Instruções
Caso você não tenha muita experiência no que vai fazer, procure se educar o máximo possível. Na internet, existem vários sites, canais no YouTube e perfis em redes sociais que disponibilizam tutoriais sobre diversos tipos de reformas. E se você conhece alguém que tem as habilidades necessárias, peça ajuda.
O importante é obter as instruções adequadas para fazer o que for preciso e não causar problemas ao lar.
Este post foi modificado pela última vez em 29/12/2023 10:13